A Ópera


A ÓPERA




Corte da Ópera do Tejo (Semelhante à outrora existente em Salvaterra de Magos
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Exemplos de Óperas realizadas em Salvaterra de Magos
Situada no interior do Paço Real, a Casa de Ópera foi inaugurada no dia 21 de Janeiro de 1753, com a representação “Didone Abandonatta”. A sua construção constituiu um dos acontecimentos mais importantes para a vila, visto ter contribuído para a fixação da Família Real em Salvaterra de Magos, durante largos períodos de tempo.

A dinastia de Bragança ficou conhecida pelo apreço pelas artes e ciências, desempenhando um papel de grande relevo no desenvolvimento destas, em Portugal. Não é por isso de admirar que, D. José I fosse o mentor da obra que viria a ser o ex-libris da vila e um marco a nível cultural. Como declarava o Pe. Miguel Cerqueira nas “Memórias Paroquiais”: “Sobressai a toda esta vila a eminência da Casa da Ópera de Sua Majestade e adjunto a esta o Palácio Real”.

A obra que deu origem ao Real Teatro de Salvaterra, como também era denominado, fez parte de um vasto plano de ampliação e remodelação do Paço Real, pensado por D. José I. Foi, de resto, neste reinado que se verificou uma maior afluência da Corte em Salvaterra de Magos, facto no qual a Casa de Ópera teve principal relevância.

Palco de grandes estreias, a Casa da Ópera foi mais um ponto de interesse que, aliado às vastas coutadas, permitiu que Salvaterra reunisse as melhores condições para acolher a Família Real, e fosse privilegiada em relação a outras, especialmente nos meses de Inverno.

O Real Teatro de Salvaterra de Magos teria uma lotação de quinhentos lugares, com três filas de camarotes de primeira e, ao fundo do anfiteatro, teria uma galeria que prolongava de cada lado os primeiros camarotes.
Planta da Ópera (click na foto para aumentar)


A Casa da Ópera sofre, em 1755, alguns danos devido ao terramoto, embora não tantos como as restantes divisões do paço. No entanto, o monarca manda começar as obras de restauro no ano imediato. Obras essas que tiveram a duração de quatro anos.

As produções teriam lugar, geralmente, pela altura do Carnaval. Foi provavelmente por essa altura, corria o ano de 1765, que um viajante francês, de visita a Salvaterra deixou o seu registo: “À noite assistimos à Ópera composta por oitenta músicos italianos, não só instrumentistas mas também cantores; como a Rainha não gosta de actrizes, os papéis femininos são executados por jovens castrados que têm vozes encantadoras, tão bem vestidos e representando com tanta perfeição que quem não estiver prevenido, enganar-se-á (…)”.

No Carnaval de 1792 o Real Teatro de Salvaterra ainda funcionava. No entanto, com a abertura do Teatro S. Carlos, em 1793, a Casa de Ópera cessa, oficialmente, funções. Entre os anos de 1753 e 1792 foram representadas sessenta e quatro produções operáticas no Real Teatro de Salvaterra.

Aquando das invasões francesas, a Casa de Ópera, tal como o restante Paço Real, foi deixado ao abandono. Este facto, aliado ao grande incêndio de 1818, contribuiu para que, aquele que foi um grande teatro régio se degradasse cada vez mais, desaparecendo por completo.


Localização da Casa de Ópera

A localização do Real Teatro de Salvaterra de Magos é incerta, pois não existe qualquer imagem do mesmo e os documentos referentes ao Paço Real não especificam claramente onde se situava a Ópera. É sabido, com certeza que a Casa de Ópera se encontrava no Paço Real, porém a sua localização exacta é desconhecida.

O historiador Joaquim M. S. Correia acreditava que o teatro régio se encontrava num local onde se teriam situado as cavalariças. Numa planta assinada por Carlos Mardel (arquitecto do paço no reinado de D. José I e responsável pela Casa de Ópera), pode verificar-se uma legenda que diz: “Chão do Teatro” no local onde, anteriormente, estariam as cavalariças. Joaquim M. S. Correia sobrepôs o desenho de um outro teatro, não identificado, do mesmo género do que seria o de Salvaterra de Magos, ao dito espaço legendado por “Chão do Teatro”. Reduzindo-o a igual escala confirmou tratar-se do local da Casa de Ópera, pois os desenhos coincidiam. Segundo esta teoria, a entrada seria pelo pátio, estando o portão para o teatro de Ópera já no interior do palácio.

No entanto, este encontrar-se-ia na parte sul do paço, junto das cozinhas, ou seja um local modesto e sem grande destaque. Facto que leva a uma outra teoria que afirma que a Casa de Ópera encontrar-se-ia junto à Capela Real, ou seja na fachada principal do paço. Tendo em conta que a casa de Ópera seria o ex-líbris, ou seja, deveria ter um lugar de destaque, esta parece ser a teoria mais provável.